Estudo encontra causa da alta resistência do concreto da Roma Antiga

O concreto da Roma Antiga é conhecido por uma característica peculiar: o contato com a água do mar torna a construção mais forte, de forma que ela resiste à erosão há milhares de anos. Finalmente, os cientistas descobriram a causa desse fenômeno e acreditam que a partir dele será possível produzir materiais construtivos com menor impacto ambiental.

Imagem: vouxmagazine.com

O concreto da Roma Antiga, em suas barragens marítimas, é parecido com um “cimento” e feito de uma mistura de cinzas vulcânicas e cal. Em investigações anteriores, os pesquisadores descobriram que ele continha tobermorita de alumínio, um mineral raro, e acreditavam que ele cristalizava-se na cal à medida em que o concreto era aquecido em contato com a água do mar, o que originava sua resistência elevada.

Imagem: vouxmagazine.com

Saiba mais sobre o concreto da Roma Antiga

Os testes mais recentes mostraram que a tobermorita está presente no concreto acompanhado de um mineral poroso denominado phillipsita. A exposição à água do mar contribuiu para que os cristais crescessem com o passar do tempo, o que previne o surgimento de rachaduras e deixa o concreto mais forte.

Ao invés de causar erosão no concreto antigo, a água do mar é filtrada e dissolve os componentes das cinzas vulcânicas, permitindo que os minerais cresçam a partir dos fluidos alcalinos lixiviados. O nome da reação relacionada ao crescimento dos minerais é “reação pozolânica”, uma homenagem à cidade de Pozzuoli, na Itália.

No concreto utilizado atualmente, as partículas são inertes para prevenir que ocorram reações, mas isso acaba contribuindo para a deterioração do material.

Imagem: newscenter.lbl.gov

Prós e contras

O concreto antigo é mais sustentável e duradouro que o convencional. Os pesquisadores esperam que ele seja uma alternativa viável para uso em projetos de geração de energia a partir das ondas e marés, visto que, enquanto algumas estruturas de concreto romano resistem há mais de 2.000 anos, o convencional requer reforços de aço que seriam corroídos ao longo do tempo.

Se a lagoa para geração de energia a partir de ondas e marés for colocada em prática, como é a ideia dos pesquisadores em Swansea, no Reino Unido, será necessário que ela funcione por 120 anos para recuperar o custo de investimento. Neste caso, o concreto romano é preferível, pois sua durabilidade é maior. Outra ideia cogitada é usar a tobermorita na construção de depósitos para resíduos de materiais perigosos.

Porém, apesar das vantagens, é difícil produzir o concreto romano. Não há rochas vulcânicas adequadas (como havia na época das primeiras construções) e as proporções da mistura não são conhecidas de forma exata. Além disso, ele possui menor resistência à compressão que o concreto convencional. Apesar de ser ideal em alguns contextos, como a construção marinha, leva tempo para desenvolver sua resistência a partir da água do mar.

O artigo com o estudo completo foi publicado recentemente na revista American Mineralogist. O vídeo abaixo resume a pesquisa:

Referências: Phys.orgAmerican MineralogistCBCAAASBerkeley.

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